POR QUE OS APARELHOS AUDITIVOS APITAM?

Um aparelho auditivo assobiando constantemente pode ser extremamente irritante e desconfortável, ainda mais para quem está ao lado de quem usa aparelhos auditivos. O fenômeno conhecido como “feedback” ou microfonia ocorre pela mesma razão quando aproximamos o microfone da caixa de som, mas vejamos a seguir as causas conhecidas:

1 – Folga no molde

A causa mais comum é quando o molde está mal-encaixado no ouvido, muitas vezes expulsando o molde do conduto auditivo, ou então quando o molde está velho. Muitas vezes com o passar do tempo, nos desenvolvemos, emagrecemos, engordamos, e com isso nosso ouvido adquire um formato ligeiramente diferente do anterior, sendo necessária a confecção de novos moldes. Essa folga pode fazer com que o som retorne pelo microfone, ocasionando a microfonia, servindo para moldes de aparelhos retroauriculares do tipo BTE, micromoldes ou sondas de aparelhos retroauriculares RIC ou cápsulas de intracanais CIC, ITC ou ITE. Um teste a se fazer para descobrir se o aparelho apita devido a uma folga no molde é pressioná-lo no ouvido: se a microfonia parar, muito provavelmente o molde precisa ser refeito.

 

2 – Abafamento

Os aparelhos auditivos atuais são equipados com recursos anti-microfonia muito mais eficientes que dos aparelhos antigos, acionados conforme necessidade pelo fonoaudiólogo no software. No entanto, na maioria das vezes que abafamos os aparelhos auditivos eles apitam, pois o som que “escapa” pela ventilação ou por uma eventual folga no molde retorna ao microfone, conduzindo à microfonia. Abafamos os aparelhos quando colocamos a mão sobre o ouvido, falamos ao telefone (em aparelhos sem a função de transmissão de áudio, a maneira correta de se falar ao telefone é posicioná-lo atrás do ouvido), deitamo-nos no travesseiro, vamos cumprimentar alguém com beijo ou quando usamos chapéu ou lenço cobrindo os aparelhos.

3 – Obstrução por cera

O aparelho auditivo devolve a audição para o paciente porque transmite o som através do conduto auditivo, porém, quando ele está obstruído por cera, impede a passagem do som, e de uma forma grosseira o som “bate e retorna pro aparelho auditivo”, fazendo ele apitar. É necessário que o paciente procure por um médico otorrino para fazer uma limpeza, além de efetuar a manutenção adequada no aparelho auditivo, visto que a cera pode ter sido passada para ele.

4 – Tubinho de PVC ressecado

Os aparelhos retroauriculares utilizam um tubinho de PVC que conecta o aparelho auditivo BTE ao molde. Com o passar do tempo esse tubinho resseca e encolhe, estabelecendo uma folga entre o tubo e o furo do molde, por onde o som pode “vazar” e ocasionar a microfonia. É recomendado que esse tubinho seja trocado sempre que ele começar a ressecar e endurecer.

5 – Disfunção da Articulação Temporomandibular (ATM)

A disfunção da ATM é uma condição articular patológica que causa inúmeros prejuízos ao bem-estar dos pacientes. A articulação temporomandibular (ATM) é responsável pelo movimento de abertura e fechamento da boca, bem como pelo encaixe da mandíbula com o crânio. Além de causar dor de ouvido, zumbidos, diminuição da capacidade auditiva, estalos ao abrir e fechar mandíbula, o formato do conduto auditivo é ligeiramente modificado para ações como mastigar, morder e falar, e sendo assim, nesses casos, a fonoaudióloga precisa tirar a pré-moldagem na condição onde o molde fica mais grosso, ou seja, com a boca aberta, e o protético auditivo precisa adicionar uma haste de retenção no molde para fixar melhor a peça no ouvido.

6 – Defeito nos aparelhos auditivos

Na construção dos aparelhos auditivos retroauriculares ou intracanais, o receptor – que é a peça equivalente a um alto-falante e responsável por gerar o som – é suspenso através de borrachinhas de silicone para que a vibração do som não retorne para o microfone, evitando o efeito da microfonia. Quando essas borrachinhas estão ressecadas, ou quando o micfofone está solto (mais comum nos intracanais), o som acaba retornando ao microfone, gerando, assim o feedback.

7 – Fora do ouvido

Quando os aparelhos auditivos estão fora do ouvido não tem jeito: invariavelmente vão apitar, o que incomoda algumas pessoas que acham que os aparelhos estão com defeito e que não deveriam apitar de nenhuma maneira. O que ocorre é que muitos pacientes fecham os aparelhos auditivos dentro da mão como uma forma de verificar se a bateria auditiva está com carga. A maioria dos aparelhos vai apitar fora do ouvido, com exceção dos mais modernos, em especial aqueles não tão potentes que, se estiverem com o recurso de anti-feedback ativado no máximo, vão interromper a microfonia.

 

Em todos os casos, quando mais forte é o aparelho auditivo, ou quanto mais aumentamos seu volume, maiores as chances de ele vir a apitar. Igualmente, quando o aparelho é muito antigo, ele pode ter mais chance de apitar devido às limitações do controle anti-feedback frente às atuais tecnologias.