Quando a pessoa resolve conscientemente não usar aparelhos auditivos, apesar de ter indicação

A pessoa diagnosticada com uma deficiência auditiva e orientada pelo profissional da saúde a usar aparelhos auditivos para amenizar essa deficiência, porém não o faz por diversos fatores terá, como já dizia Russo e Almeida, 1995, limitações no desempenho das suas atividades sociais. Fato fácil de ser entendido, já que a audição é o canal sensorial mais importante para a comunicação oral.

 

Segundo Almeida e Guarinello, 2009, muitos pesquisadores relatam que a deficiência auditiva impede ou limita seu portador a desempenhar plenamente seu papel na sociedade gerando sentimentos negativos e de inferioridade. E quando esse quadro se junta com o processo de envelhecimento do indivíduo, no qual ocorre mudanças de caráter biológico, psicológico e social, observa-se também um declínio na qualidade da sua comunicação privando-o de fontes de informação e, ocasionando seu isolamento social.

 

O isolamento social também é ocasionado pela ansiedade gerada na tentativa de compreender a fala e uma mensagem, causando frustração e até raiva.

 

Outro fator de suma importância a ser levantado aqui é o fato de que, principalmente, na população idosa a deficiência auditiva não tratada pode ser um fator de risco para o declínio cognitivo.

 

Um estudo realizado em 2015 por Dawes et al, demonstrou que adultos usuários de aparelhos auditivos atingiram um melhor desempenho cognitivo comparado àqueles que não usam os aparelhos auditivos. E especula-se que a reabilitação da deficiência auditiva através dos aparelhos auditivos ou implantes cocleares podem atenuar o declínio cognitivo e atrasar o desenvolvimento de demências.

 

Dessa forma, a pessoa que conscientemente decide por não usar os aparelhos auditivos recomendados pelo médico está gerando uma série de consequências que interferirão na sua qualidade de vida, já que sua decisão em não usar dos aparelhos auditivos gerarão problemas de relacionamento, alterações de humor e aumento de irritabilidade, isolamento social e possível declínio cognitivo.

 

Referências Bibliográficas:

  1. Barata, V.P.B. – Presbiacusia: fator de risco para o declínio cognitivo? Trabalho Final de Mestrado integrado em Medicina. Faculdade de Medicina de Lisboa. Maio 2019
  2. Sousa, P.M. – O sentido atribuído à audição e às condições de vida por idosos institucionalizados com e sem deficiência auditiva. Trabalho de conclusão de Mestrado em Fonoaudiologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2010
  3. Francelin, M.A.S.; Motti, T.F.G.; Morita I. – As implicações Sociais da Deficiência Auditiva adquirida em adultos. Saúde Soc. São Paulo, V.19, n.I, p180-192, 2010.
  4. Almeida, M.R.; Guarinello, A.C. – Reabilitação audiológica em pacientes idosos. Ver. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2009; 14(2):247-255.
  5. Pesquisa: Fonoaudióloga Dra. Kátia Carvalho, CRFa SP 2-8986